Page 118 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Um Sinal na Históriaum avanço social –, é realmente espantoso perceber que ainda predominam no
país o autoritarismo, o discricionarismo, a arbitrariedade e a impunidade de
acharem que com um simples ato podem acabar com qualquer reação nossa.”
(Espelho, no 57, maio de 1988)
Além das 19 demissões no Banco Central, o governo decidiu
também pelo afastamento de 11 funcionários do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). As medidas, consideradas um ataque à
democracia, gerou intensa mobilização dentro e fora das instituições em favor
dos demitidos. Houve manifestação até mesmo no plenário da Assembleia
Nacional Constituinte, como o pronunciamento do deputado federal Maurício
Fruet, em 20 de abril, em favor da anulação da punição aos demitidos.
No Encontro Nacional da AFBC, em 23 e 24 de abril de 1988, em São Paulo,
decidiu-se pela criação de “Comitês de Defesa dos 19”, na sede e em cada regional,
118 para desenvolvimento de uma campanha de solidariedade. As ações previstas por
esses comitês incluíam: divulgação de material impresso com informações sobre o
andamento do caso; distribuição e venda de material promocional, como camisetas
e botons; abertura e ocupação de espaços na imprensa; contatos com parlamentares,
OABs e entidades eclesiásticas; entre outras.
A AFBC decidiu interromper a greve, devido à demissão dos 19, mas manteve
a articulação e a mobilização em favor dos demitidos, com assembleias, produção de
documentos e ativa participação dos funcionários, inclusive internamente.
Embora a decisão divulgada pelo Banco Central tenha sido a demissão dos funcionários,
juridicamente a medida era improcedente, já que só era possível após a devida apuração dos
fatos. Para isso, a Presidência do Banco determinou, por meio de Portaria, a instauração de
processo administrativo disciplinar contra os 19 funcionários, afastando-os do exercício de
suas funções até o fim da conclusão do procedimento.