Page 119 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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A direção do Banco determinou a criação de uma Comissão de Inquérito Administrativo Disciplinar,
cujos trabalhos desenvolviam-se no Edifício Sede, em Brasília, com reuniões realizadas também nas
 regionais. O acompanhamento dos atos apuratórios era facultado aos 19 funcionários implicados,

  que mantinham contatos telefônicos e presenciais, com a participação de seus advogados. Eles
   permaneceram afastados de suas funções, mas com a remuneração garantida até o fim do processo.

     “A abertura do processo administrativo permitiu um fôlego. Os colegas continuaram
a receber o salário, porém sem trabalhar. Tínhamos avaliado que, caso as demissões se

                                                     efetivassem, o funcionalismo contribuiria
                                                     com um fundo de greve para sustentar os 19.
                                                     Era economicamente viável. Entretanto, isso
                                                     não foi necessário a partir da instauração do
                                                     processo”, revela Paulo Eduardo de Freitas.

                                                                    Manter o funcionalismo em torno           Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
                                                              da AFBC era o desafio, para, em caso 119
                                                              de adversidade, haver possibilidade de
                                                              resistência.

Primeira edição do Correio dos 19 (mai. 1988), editado pelos        “O primeiro governo civil pós-ditadura
funcionários afastados pelo Banco                             militar ainda carregava todo um entulho auto­
                                                              ritário, capaz de promover muitos estragos.
                                                              Seguiram-se seis meses de processo adminis­
                                                              trativo infame, em que se tentava imputar
                                                              responsabilidade a 19 servidores numa
                                                              greve que atingira aproximadamente 80% do
                                                              quadro, ou seja, aproximadamente 4,8 mil
                                                              funcionários num total de 6,2 mil servidores”,
                                                              analisa Getúlio Vargas Etelvino, também
                                                              integrante do grupo dos 19 demitidos.
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