Page 113 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Diante de um quadro de insatisfação do funcionalismo, o Conselho Nacional da AFBC iniciou,
em fevereiro de 1988, uma campanha em torno de uma pauta que incluía os seguintes pontos:
suspensão da publicação de edital de concurso externo até a aprovação do Carreirão [Plano de Cargos
e Salários]; criação imediata de grupo de trabalho, com composição paritária, para elaboração do
novo Plano de Cargos e Salários; reajuste de 40%, mais o maior índice concedido aos bancos
oficiais; aumento do piso do anuênio; e aprovação de hora extra para os comissionados.
As discussões sobre a possibilidade de deflagração de greve, caso não houvesse retorno
da direção do Banco Central, coincidiram com o lançamento, por parte do governo, de
um novo pacote de medidas econômicas – que incluía a suspensão, por dois meses, do
pagamento da URP (Unidade de Referência de Preços) a funcionários da administração
direta, autarquias, fundações, Judiciário, Legislativo, militares, universidades e empresas
estatais, com abono para salários mais baixos.
O anúncio do governo sobre o congelamento Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
de salários movimentou diferentes categorias de 113
funcionários públicos. No Rio de Janeiro, que
concentrava boa parte das sedes de órgãos estatais, uma
manifestação reuniu milhares de pessoas – os números
divulgados como estimativa da Polícia Militar e dos
organizadores da passeata variam entre 15 mil e 50 mil
participantes.
A direção do Banco Central, no entanto, informou
à comissão de negociação da AFBC que o Ministério da
Fazenda havia proibido a concessão de reajuste salarial
aos funcionários, conforme notícia publicada na Folha de
S.Paulo em 18 de março de 1988.
Capa da revista IstoÉ (1988), retratando
manifestação da AFBC em São Paulo