Page 116 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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demissão dos 19 funcionários do Banco Central soava como um
                      exemplo do que poderia acontecer em caso de paralisações:

                            “O Ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega ameaçou demitir os
                      funcionários públicos que fizerem greve contra a suspensão por dois meses da
                      Unidade de Referência de Preços (URP) anunciada oficialmente ontem: ‘As greves
                      serão tratadas com o rigor da lei, vai haver demissões’, garantiu ele. Ontem mesmo a
                      disposição governamental ficou clara com a demissão de 19 líderes da greve no Banco
                      Central, motivada por demandas salariais anteriores ao anúncio do novo pacote.” (O
                      Globo, 8/4/1988, primeira página)

                      A Folha de SP também circulou com a chamada principal relacionada
                      às medidas econômicas adotadas pelo governo e à advertência aos grevistas:
                      “Sai o pacote e governo ameaça quem fizer greve”. De acordo com o texto, o
                      ministro Mailson da Nóbrega havia afirmado que “em caso de greve ilegal haverá
                      demissões”, pois “funcionário público não pode fazer greve”. A publicação
                      prosseguia: “Ontem mesmo o governo demitiu dezenove funcionários do Banco Central
                      que participavam de uma greve no banco por reajuste salarial”. (Folha de SP, 8/4/1988,
116                   primeira página)

Um Sinal na História        Por meio da imprensa, a direção do Banco Central afirmava que as demissões
                      haviam sido decididas antes do anúncio do pacote governamental. De acordo com
                      o então diretor de Administração do Banco, Antenor Araken Caldas, em declaração
                      ao jornal Folha de SP, o presidente da instituição, Elmo Camões, teria pedido a lista
                      com as demissões no início da tarde do dia 7 de abril (Folha de SP, 8/4/1988, pg. A-28).
                      Segundo Araken, não havia “critérios específicos” para a escolha dos demitidos, que
                      não incluía nomes dos principais organizadores da greve, como o presidente nacional da
                      AFBC, Paulo Eduardo Freitas. (Jornal do Brasil, 8/4/1988, pg. 12)

                            “Qual era a lógica? Se punissem todos, a começar pelos membros da mesa de
                      negociação, como exemplo, iriam interromper definitivamente qualquer diálogo posterior.
                      E, também pela significação política perante todos, tinham que pegar outras pessoas para
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