Page 97 - Um Sinal na História - Volume 2
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O Governo Collor ia de mal a pior. Nenhum dos planos econômicos lançados surtiu efeito
e a população sofria cada dia mais. Além disso, problemas políticos e escândalos de corrupção
envolvendo o Presidente da República começaram a vir à tona. Em março de 1992, todos os
ministros de Collor pedem demissão. Em maio, Pedro Collor, irmão do presidente, dá uma
entrevista à revista Veja na qual afirma haver um esquema de corrupção no Governo. O
movimento “Ética na Política”, iniciado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, ganha
força.
No Banco Central, os funcionários amargavam a falta de diálogo sobre a política 97
salarial da instituição. Ao contrário do discurso aplicado pela diretoria do BC, a negocia-
ção sobre os vencimentos dos funcionários do Banco não acontecia mais. Além disso, História do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (1988-1998)
a instituição devia uma diferença de quase 40% sobre os salários e não havia nenhuma
perspectiva de pagamento desta dívida. Com a pressão do SINAL, conseguiu-se que
o Banco pagasse esse valor em setembro daquele ano. Também não havia, em janei-
ro de 1992, nenhuma perspectiva de reajuste, mesmo com o país vivendo com uma
inflação acumulada de 480,2% no ano anterior.
Foi também em 1992 que o Banco Central anunciou um novo Plano de
Cargos e Salários. Os funcionários cobravam da diretoria espaço para participa-
ção na elaboração do Plano que vinha sendo construído sem que eles fossem
ouvidos. Segundo o boletim nacional do Sindicato, divulgado em fevereiro,
o Plano previa 42 anos de trabalho para se atingir o nível máximo, tempo
que poderia ser diminuído para 30 anos se o funcionário atingisse o grau
“ótimo” em todas as avaliações de suas funções. Outro problema do Plano
era o fato de fazer com que funcionários antigos tivessem revogados os
direitos adquiridos no exercício do cargo em planos anteriores, além de
rebaixar os salários de 70% dos funcionários.