Page 40 - UM SINAL NA HISTÓRIA
P. 40
Os primeiros encontros dos idealizadores do OVO SP eram
realizados clandestinamente, fora do ambiente de trabalho, para dri-
blar a vigilância do regime. Para garantir o caráter independente da
publicação, no entanto, os organizadores buscaram incentivar a ampla
participação dos funcionários, por meio de debates sobre o conteúdo
das edições, realizados em reuniões abertas.
“A reunião aberta não é uma simples terminologia, mas sim o processo de seu
desenvolvimento: dela participam todas as pessoas interessadas. Estas têm direito de por
em debate o que julgarem pertinente no momento – formação de pauta; de expressarem sua
opinião sobre todos os pontos da pauta, com direito a voto, correspondendo a cada pessoa
presente um voto”, diz o texto da apresentação da primeira edição do OVO SP.
O formato de reunião aberta servia, ainda, para resguardar os funcionáriosUm Sinal na História
envolvidos diretamente na elaboração do OVO SP. Em lugar de um conselho
40 editorial, como a Direção do Banco gostaria, o jornal apontava a cada edição
todos os participantes das reuniões. O primeiro número, por exemplo, reúne 38
nomes.
“A gente resolveu cristalizar essa fórmula [de reuniões abertas] para poder
responder à exigência de ter um conselho editorial. Quem é o responsável? Todo mundo!
Quem elaborou esse jornal? Botávamos o nome de quem escreveu, de quem diagramou
e também dos que colaboraram, daí
vinha uma lista de quantos nomes a
gente conseguia. Às vezes colocávamos
dez, às vezes vinte, às vezes trinta”,
explica Edison Cardoni, ressaltando
que o movimento não era “coisa de
minoria”, como a Direção do Banco
propagava. Charge publicada no OVO SP nº 1, sobre as reuniões abertas