Page 193 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Um Sinal na Históriaobjetivo de organização sindical seria outro, meu objetivo seria por
um sindicato próprio. Essa ideia mudou o rumo de nossa história.
Essa ideia inovadora e conflitante somente veio a adquirir
corpo em 1986, com a fundação da AFBC, na qual tive uma forte
presença e fui eleito seu único presidente nacional. A vida da AFBC
foi de uma riqueza impressionante, pelas conquistas e pelas dificuldades,
possíveis pela grande competência do Conselho Nacional e uma vanguarda
atuante.
Percebemos, com o passar do tempo, que o sindicato é um ente
coletivo e necessariamente político; que cada greve é uma criação política
específica e requer dos dirigentes essa criação, não bastando repetir mecanica-
mente as práticas de sucesso; que os momentos de maior força são aqueles em
que, de norte a sul, o pensamento e o julgamento que os servidores fazem de si
192 e da parte oponente sejam comuns entre muitos, mas muitos mesmos. Que cada
greve vitoriosa precisa de uma forte vanguarda cultivada pelo sindicato; precisa de
uma correta leitura da conjuntura em que se está; precisa de um discurso político
que dê conta dos desafios e da diversidade interna; precisa de interação, e não só
de participação; precisa de confiança entre todos e em todas as direções; precisa de
identificação clara do responsável pelo nosso problema e de demanda compatível com
o momento e com as nossas forças; que conquista econômica, como salário justo, vem
depois da vitória política e sem essa não há conquista.
De presidente nacional da AFBC passei a presidente Nacional do Sinal. Deixei o
cargo no final do mandato, observando as regras do estatuto. Tudo, no período de gestão, foi
feito por convicção política e compromisso com os servidores, sem qualquer remuneração,
conforme era a regra entre todos os dirigentes. Segui, posteriormente, contribuindo na função
de consultor/assessor do Conselho Nacional do Sinal, com quatro diferentes presidentes,
alguns com mais de um mandato.