Page 196 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Paulo Roberto foi um dos maiores responsáveis pelas grandes mobilizações que                Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
aconteceram, principalmente no Rio de Janeiro, como também pela linha de ação que possibilitou
 as principais lutas do funcionalismo do Banco Central. Seu legado perdura em nossa história.

           Falava com bastante propriedade, com foco e uma atenção intensa sobre o interlocutor,
    parecia ter uma tremenda rapidez de raciocínio e lucidez no entendimento e na amarração
      das ideias. Tinha muita objetividade no trato das questões, parecia apreender rapidamente

       o essencial. Possuidor de um caráter forte, sempre mostrando disposição para os embates,
        fossem de cunho cultural ou político, parecia ter prazer nisso.

          	Era uma pessoa extraordinariamente inteligente, uma dessas pessoas geniais. Pensava
            tão rápido que, por vezes, não se entendia uma palavra do que dizia. Porque ele não
             conseguia falar num ritmo mais lento. Falava, às vezes, em modo acelerado, porque

              o pensamento dele trabalhava dez vezes mais rápido do que a capacidade fonadora.
              Sua contribuição foi enorme, porque tal inteligência, associada à capacidade de 195
                 leitura muito rápida e a uma bagagem cultural e intelectual sólida, permitia a ele

                  uma visão da realidade que se enfrentava em dado momento, qualquer que fosse
                   o momento, extremamente precisa. E isso era fabuloso para todos nós.

                     	 Não se queria promover a organização dos servidores do Banco
                       Central em termos políticos, em termos sindicais, porque fosse um sonho
                        dourado, porque alguém pretendesse se lançar candidato a fosse lá o que

                         fosse, coisa que a história comprova. As décadas se passaram e nomes
                          como Paulo Eduardo, como Flavio Ramos, e tantos outros, jamais
                           optaram por esse caminho. Havia uma necessidade de despertar nos

                             outros colegas a consciência da importância de nossa organização,
                              enquanto trabalhadores assalariados que somos, e essa necessidade
                               era pessoal no Paulo Roberto, porque ele via claramente os riscos a
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