Page 190 - UM SINAL NA HISTÓRIA
P. 190
Instado a falar sobre minha trajetória no processo de organização sindical dos servidores do Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
Banco Central, passei a fazer uma busca na memória e nos registros, e isso me remeteu, a rigor, aos
meus 17 anos, quando fiz uma opção ideológica pela classe trabalhadora, com a compreensão (e
o desejo) de estar sintonizado com um projeto histórico, muito além das minhas forças, mas para
o qual elas seriam, como as de tantos outros, necessárias. Dali, dou um salto.
Tudo o que fiz em mais de duas décadas de dedicação aos esforços dos servidores do
Banco Central na construção de uma organização sindical contou com apoio e interação de
inúmeros amigos e amigas, alguns e algumas amigas até hoje, para minha alegria e satisfação.
Contou também com a confiança a mim depositada por tanta gente, mesmo sem me
conhecer pessoalmente. Foi uma trajetória gratificante.
Optei por me dedicar de modo exclusivo a uma causa. Sabia, após tantos debates
e algumas experiências no campo da política de interesse da classe trabalhadora, que
sofreria perseguição interna, com altíssimo risco de todo tipo, que haveria resistência 189
ideológica, dificuldades de comunicação e outros tantos obstáculos. Mas sabia
também que haveria apoios e oportunidades. E mais, que a minha opinião e a
das pessoas são alteráveis pelos processos políticos, especialmente os coletivos. A
história da organização sindical dos servidores do Banco Central é eloquente a
esse respeito.
No princípio dessa organização, e isso remonta a 1979, enfrentamos
dificuldades de todo tipo e pudemos contar, de outro lado, com vários
fundamentais pontos de apoio. A conjuntura tinha o seu lado adverso. O
Brasil ainda vivia a ditadura militar, com todos os horrores a ela associados,
que constituía uma ameaça forte, real e ao mesmo tempo imaginária e
nem por isso menos eficaz. A inexperiência sindical dos servidores,
o conservadorismo interno tão cultivado, a rigidez da hierarquia, o