Page 185 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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demandas políticas daquele momento.
Penso que essa narrativa das memórias que guardo de nossa criação sindical tem a ver
com o propósito de manter viva essa memória, preservar sua continuidade, contando a história
para os novos funcionários que, desejamos, acrescentem seus anseios e ações, visando a uma
instituição que não apenas sugue seus conhecimentos e tempo, mas proporcione qualidade de
vida, como reconhecimento desses valores.
Colegas que chegam, vindos de uma época de isolamento, herança de uma 185
ditadura marcada pela quebra da grupalidade. Um exemplo disso: o sistema de “créditos”
estabelecidos nas universidades, onde, a partir daí, as “turmas” deixaram de existir. As
lideranças exiladas, reprimidas, não mais canalizavam os anseios e as vozes de muitos.
As baias, com seus computadores e celulares, acentuaram esse isolamento físico,
criando a ilusão de “conexão digital”, necessária para a diminuição de distâncias, mas
que jamais substituirá o desejo atávico e humano do encontro.
Hoje esse desejo aflora, estampado nas manifestações. Enchem as ruas, com Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
o fogo subjacente, ainda encoberto, das necessidades impressas nos cartazes, nos
olhos vagos, sem brilho e foco; nas máscaras, escudos da ira e da violência. Vejo
esses fortes ruídos, abalos no cotidiano, como “sinais” de “ressurgências”, de
poros abertos na crosta da nossa história, capazes de permitir que as águas,
que não cessam de correr em leitos subterrâneos, possam emergir, criando
novos afluentes, capazes de aumentar em volume, o Grande Rio da nossa
história. E proporcionar o nosso desejo da criação contínua da instituição
sindical que nos representa, agregando parceiros que chegam, ouvindo as
demandas do “agora”!
Meu olhar remonta à pequena fonte jorrando o desejo, através