Page 174 - UM SINAL NA HISTÓRIA
P. 174
Um Sinal na HistóriaEm março de 1988 o BB ganhou reajuste nos salários e nós
não, em função da tese da equiparação. Na verdade essa tese era
uma armadilha para dividir os trabalhadores, incentivada pela CISE
– Comissão Interministerial dos Salários das Estatais, entidade criada
pelo governo da época para regular os salários do setor público. Assim
decidimos deflagrar nova greve.
Só que dessa vez a história foi diferente. Se em 1987 pegamos
o governo de surpresa, dessa vez eles estavam mais organizados e havia
a orientação de não ceder, cortando pela raiz todos os movimentos dos
servidores públicos.
Logo no primeiro dia foram anunciadas 19 demissões, o corte de ponto
e a aplicação de falta injustificada aos participantes da greve, redundando na
perda de 15 dias de licença prêmio. E o aviso de que mais demissões viriam caso
174 a greve continuasse.
Era a estratégia do governo para barrar novas greves no setor público.
Lembro que o jornalista Alexandre Garcia entrou ao vivo no Jornal Nacional para
anunciar, com destaque, as demissões no Banco Central.
Foi um desastre. Pensei que nunca mais conseguiríamos mobilizar o
funcionalismo. Nas assembleias do dia seguinte não houve alternativa se não a de
recuarmos e nos organizarmos para reverter as punições.
Os meses seguintes foram muito difíceis. Recorremos ao Judiciário, a entidades
da sociedade civil, de direitos humanos e ao Congresso Nacional, onde estava instalada a
Assembleia Nacional Constituinte. Negociar com a Direção do Banco não surtia efeito.
No Bacen continuávamos a mobilizar o funcionalismo com vistas a manter acesa a
chama da reintegração dos colegas. O lema estampado nos informativos e faixas expostas nas