Page 171 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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1986. Governo José Sarney. O país acabara de sair de um regime militar de 21 anos. Mas
convivíamos com a hiperinflação.
Para tentar debelar o surto inflacionário, no final de fevereiro daquele ano o governo
lançou o Plano Cruzado, o primeiro dos diversos planos econômicos que viriam na tentativa
de pôr fim à inflação. O Plano do ministro Dilson Funaro mudava a moeda de cruzeiro para
cruzado e, entre outras medidas, congelava preços e salários. É aí que começa nossa história.
O congelamento de salários trazia grandes perdas aos trabalhadores, e para nós do
Banco Central trazia o fim dos tempos em que todos os aumentos de salário para o Banco
do Brasil eram repassados a nós.
Naquela época as lideranças do funcionalismo em todo o país perceberam
que deveríamos, com urgência, nos organizar, sob pena de perdermos benefícios e
salários conquistados ao longo dos tempos e também nossa relevância no cenário dos
organismos estatais, já que não tínhamos representação reconhecida que falasse em 171
nosso nome junto à Direção do Banco e ao Governo. Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
Assim, passamos a nos reunir com vistas a criar uma entidade que nos
representasse. Naquela época ainda não podíamos nos sindicalizar, mas parte das
lideranças defendia que nos juntássemos ao Sindicato dos Bancários.
Essa tese trazia problemas, pois entendíamos que dentro de uma
entidade tão grande, que representava interesses de centenas de milhares de
trabalhadores do setor financeiro, teríamos dificuldades em nos fazer ouvir
e levar adiante nossas reivindicações. Até porque os interesses dos demais
bancários às vezes poderiam conflitar com os nossos, que temos entre
nossas atribuições a fiscalização e a normatização do Sistema Financeiro
Nacional.
Além do que, nessa época, começava a surgir a tese dos