Page 177 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Ingressei no Banco Central no ano de 1977, mesma data em que ingressei na Univer-            Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
sidade de Brasília (UnB) como aluna do curso de História. Essa contingência, associada ao
 momento histórico extremamente fértil do ponto de vista da ação política no meio operário,

   estudantil e de tantas outras categorias contra a ditadura, foi significativa para minha for-
    mação pessoal e política, despertando não somente a paixão mas também a necessidade

      de efetiva participação.

                 Participação era, afinal, o anseio de jovens ou não tão jovens assim, que buscavam
          afirmar a existência de direitos e produzir situações que provocassem discussão
           acerca dos mesmos. Isso, nós, categoria isolada de Brasília, sob o eixo inspirador

             das regionais, principalmente Rio e São Paulo, fizemos desde os primeiros
             momentos no Bacen. Assim fomos identificando a insatisfação da categoria: por 177

                que isolados se a prática cotidiana nos relacionava ao universo da atividade fim
                 e meio do Bacen? Se, com nosso trabalho e com nossa presença marcante,
                   estávamos criando reservas afetivas, intelectuais, éticas, por que não romper

                    com a figura estigmatizada de “isolados” e lutarmos pelo reconhecimento
                      de nossa potencialidade?

                                 O jornal OVO chegou cumprindo seu papel de estabelecer a
                           comunicação do conjunto dos funcionários, entre ASAs, TEBs, chefias,
                            minoria e maioria: o OVO permitia que a cidadania fosse exercida

                             através da livre manifestação de ideias, como direito inalienável de
                               discutir e propor soluções para os problemas do funcionalismo.
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