Page 173 - UM SINAL NA HISTÓRIA
P. 173
Foram criadas comissões de esclarecimento com vistas a realizar reuniões e a convencer os colegas a Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
participarem das assembleias que decidiriam sobre aquela que seria a primeira greve da instituição.
Convém lembrar que naquele tempo não tínhamos o direito de greve, e a adesão poderia
redundar em punições como perda de parte da licença prêmio, das comissões e, no limite, do
próprio cargo.
Lembro que a simples menção da palavra “greve” em alguns andares gerou
constrangimento a mim e outros colegas, já que algumas chefias entendiam isso como uma
afronta. Ouvi frases do tipo “Se você veio aqui falar de greve essa reunião será encerrada
agora”.
Superando todos os obstáculos realizamos assembleias em todo o país no dia 7
de outubro de 1987, para decidir sobre a greve que seria realizada no dia seguinte.
A Direção do Banco ainda tentou como última cartada convocar os
comissionados a participarem das assembleias para votar contra a realização do 173
movimento. O tiro saiu pela culatra, pois ao ouvir os argumentos das lideranças
muitos daqueles colegas se convenceram da necessidade da paralisação.
E assim, no dia 8.10.1987 aconteceria a primeira greve no Banco Central.
A repercussão foi enorme. A imprensa noticiou o fato com grande destaque.
Diante da força do movimento o presidente do Banco, Sr. Fernando
Milliet, nos chamou à negociação. As conquistas foram muitas. Salariais e
políticas. Do lado do salário foi criado o ABE – Abono Especial, de cerca de
26,5%, para compensar as perdas do Plano Bresser. Tão importante quanto
as conquistas financeiras foi a conquista política. A Associação ganhara
muito em credibilidade e o Banco concordou em liberar dirigentes da
AFBC para trabalhar exclusivamente na Associação, o que facilitaria a
sua consolidação nacional.