Page 108 - Um Sinal na História - Volume 2
P. 108

Uma delas, publicada pelo Jornal do Brasil em maio de 1993,
                      afirmava que os funcionários do BC tinham mordomias. De acordo
                      com a matéria, o órgão era o que mais concentrava poderes, altos salá-
                      rios e “resquícios de mordomias” dentro da administração federal. “En-
                      tre os privilégios (...) estão o acesso ao melhor clube da cidade, até a intimidade com
                      as instituições financeiras, numa relação colocada como suspeita pelo próprio Palácio do
                      Planalto”, afirmava a matéria.

                            Em resposta aos ataques que o Banco vinha sofrendo, principalmente
                      pelas palavras do Presidente da República, o SINAL redigiu uma nota divul-
                      gada pela imprensa. Nela, afirmava que as relações entre o órgão e o Tesouro
                      Nacional eram absolutamente transparentes e defendia que a verdadeira inde-
                      pendência do Banco estava na atuação de seus funcionários de carreira.

108                         “No Banco Central formaram-se servidores da mais alta competência téc-
                      nica e virtude cívica, que conseguiram sobreviver aos tempos do autoritarismo e ao

Um Sinal na História  inconsequente vendaval reformista desencadeado pelo governo Collor, que tantos mal-

                      feitos causaram à administração pública. O Banco Central escapou desses desastres e é

                      atualmente um dos nichos de excelência do setor público. Merece, por isso, ser ciosamente

                      preservado em nome dos interesses nacionais”.

                            Em agosto de 1993, a Polícia Federal resolveu instaurar uma operação contra a
                      lavagem de dinheiro. As investigações envolviam o Banco Central por passar através de
                      empresas que tinham conta CC-5, criadas pela Carta Circular nº 5 do Banco que permi-
                      tia operações internacionais com dinheiro nacional. Até 1992, quem operava essas contas,
                      poderia fazer transações para outros países sem registro. As empresas que operavam no es-
                      quema PC Farias, chefe de campanha de Fernando Collor, eram algumas das que trabalhavam
                      com esse tipo de conta.
   103   104   105   106   107   108   109   110   111   112   113