Page 95 - UM SINAL NA HISTÓRIA
P. 95

“O pessoal não falava em representatividade, pleitos, nada disso, falava-se em representação
do servidor do Banco Central. Não tinha a discussão de lutas. Quem falava nisso era quem tinha
 envolvimento com sindicatos, quem falava era quem já tinha experiência de fora. Não aqui dentro,

  que não tinha sindicato. Particularmente, tenho a impressão de que nessas conversas houve a con-
   taminação desse grupo que falava sempre em representatividade mais para luta”, analisa Belsito.

     De fato, a primeira proposta de estatuto acabou por impulsionar ainda mais a organi-
zação do funcionalismo, que conseguiu reverter a proposição a seu favor.

     “Acabou virando no contrário do que o Banco queria, o pessoal se apropriou da ideia            95
de construir uma entidade. Aí entrou todo mundo que estava pela Asbac representativa,
 que era ou não da UNTBC, entraram gregos e troianos juntos, dizendo: ‘nós

  queremos ter uma entidade representativa’. E se apropriaram dessa questão. A AFBC
   muito rapidamente se transformou naquilo que todo mundo queria, uma entidade
    independente, representativa, democrática e que buscava a unidade dos servidores”,

     analisa Edison Cardoni.

     As experiências prévias de organização, com iniciativas tais como a criação                    Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
do jornal OVO, a fundação da UNTBC e o Movimento por Democracia e
 Independência na Asbac (DI), foram de extrema importância para a estruturação

  e a fundação, no fim daquele ano de 1986, da Associação dos Funcionários do
   Banco Central – a AFBC.

     A conjuntura nacional, com a abertura política e as discussões acerca
da nova Constituição, favoreceu a movimentação dos funcionários, como
 observa Paulo Eduardo de Freitas, que veio a ser o presidente nacional da

  AFBC: “A ditadura estava no começo do fim, mas ainda não no fim, os
   movimentos sociais aceleraram para botar um fim. As condições materiais
    para os servidores do Banco Central não seriam decididas em gabinetes

     fechados. Em algum momento isto esteve na nossa consciência. Sem
   90   91   92   93   94   95   96   97   98   99   100