Page 34 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Um Sinal na Históriainaceitável para nós, pois cerceava o crescimento pessoal dos
colegas e o desenvolvimento da categoria, também era contraditório
para a Autarquia, pois dividia o funcionalismo, jogava uns contra os
outros”.
As más condições de infraestrutura, bastante precárias em alguns
setores, eram também motivo de insatisfação. No Departamento do
Meio Circulante (Mecir), no Rio de Janeiro, os funcionários decidiram
interromper suas atividades por algumas horas, em virtude de problemas
no sistema de refrigeração do ambiente e de falta de água no prédio.
A decisão por cruzar os braços gerou uma situação de conflito bastante
representativa do clima hostil existente àquela altura no país, como relata
Arlindo Soutelo:
“Fomos encaminhados ao chefe de departamento substituto. Entre os
34 funcionários indignados com a situação, havia uma chefe de grupo que estava
grávida. A primeira reação do chefe foi pedir que ela se retirasse da sala, mas
relutante, ela disse que ficaria, pois não só havia participado da paralisação
como concordava com seus termos. Neste momento o chefe em questão, já com
o tom de voz alterado, ressaltou que a solicitação da sua saída era uma ordem e
não um pedido. E, desta forma autoritária, fomos recebidos. Após o rompante
inicial por parte do chefe, alguns funcionários quiseram explicar e argumentar
sobre a situação, na tentativa de estabelecer um diálogo. Infelizmente esta atitude,
que buscava apenas melhorar as condições de trabalho a que estávamos submetidos,
foi o estopim para uma chuva de ofensas e ameaças. O chefe ressaltava, em brados
ásperos, que o sistema era ditatorial e que atitudes como essas não seriam toleradas. A
condição insalubre permaneceu. Experimentamos o amargo regresso e a extensão da
força de quem mandava no país.”
A repressão, no entanto, ajudou a unir mais as pessoas, e serviu como incentivo para a
organização dos funcionários. Com o fortalecimento da mobilização, principalmente em São