Page 184 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Um Sinal na HistóriaNesse momento, nada diferente do que acontecia ao redor,
      período mais negro dos “anos de chumbo” imposto pela ditadura,
      um movimento eclodiu e um rumor se fez ouvir, atravessando as
      paredes das seções e departamentos: a necessidade de ser criado o
      “Quadro Próprio de Carreira” para os funcionários do Banco Central.
      Cabe salientar que muitos desses jovens, entre os quais me incluo,
      faziam parte de outros movimentos organizados, buscando o retorno
      da democracia e da liberdade de expressão no país e já sabiam que, em
      instituições, jamais se deve agir ou reivindicar algo sozinho, sob o risco de
      ser facilmente anulado, vencido, descartado.

               Como a vida sempre aponta direções para quem deseja caminhar,
      encontros e conversas tornaram-se possíveis num lugar oferecido pelo Banco
      Central aos funcionários: a Asbac, uma Associação de contribuição mútua (Banco
184 e funcionários), com participação obrigatória.  Era composta de área de Saúde
      (bucal), área Financeira/Social (créditos, fianças, consórcios) e lazer (celebrações e
      happy hours). A Asbac-RJ possuía um jornal, o Espelho, onde os funcionários podiam
      contribuir com matérias. E um enorme salão, capaz de comportar grandes festas e
      assembleias para apresentações das Diretorias.

               O desejo de mudança encontrou um espaço de ocupação possível nesse grande
      salão onde as happy hours proporcionavam as chances de conversas e planejamentos. O
      jornal Espelho ampliava e introduzia novos conteúdos, sinalizando e tornando mais claras
      as demandas e a necessidade dos funcionários de se fazerem ouvir.

               Lembro que uma das Assembleias teve seu curso interrompido pela interferência,
      planejada, da fala de um colega, levando para uma propícia plateia, posto que numerosa, as
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