Page 81 - Um Sinal na História - Volume 2
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“O pacote Collor contém em essência um forte componente recessivo, cujo
efeito – desemprego e falências – trará certamente nefastos efeitos sociais: a
taxa de conversão da moeda antiga (cruzado novo) para a moeda nova (cru-
zeiro) se tornará em breve o determinante da liquidez da economia e, como
tal, segundo os idealizadores do plano, peça decisiva no ritmo de recessão ou
crescimento econômico. (...)
A privatização de empresas estatais vai se tornar uma das questões mais po-
lêmicas e problemáticas do pacote que, além de todos os aspectos conhecidos de
debate como entrega do patrimônio público, viabilizar-se-á por meio do Certifi-
cado de Privatização, verdadeira carta branca ao poder Executivo o que choca
frontalmente com a Democracia buscada pelo povo brasileiro.”
Além das questões econômicas, o Plano Collor gerou problemas internos ao 81
Banco Central. Em nome do “ajuste das contas públicas”, o governo decretou o
corte de 30% das despesas referentes ao BC. Isso, diante de um cenário em que História do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (1988-1998)
o Banco passou a ser o destinatário do dinheiro das cadernetas de poupança
confiscadas, aumentando o acúmulo de trabalho para os funcionários. Em um
manifesto do Conselho Nacional do SINAL, publicado em maio de 1990, é
registrado que:
“Decorridos 50 dias da edição do Plano, os funcionários do BC já atende-
ram, por escrito ou por telefone, 264.783 pessoas de todo o país. Somente
na sede do BC, em Brasília, são recebidas e respondidas cerca de 400 cartas
por dia. A alocação de parcela considerável do funcionalismo nas centrais
de informações agrava a carência de profissionais, que mesmo antes já se
fazia notar, especialmente nas áreas externa, de informática, de fiscaliza-
ção, de acompanhamento da política monetária e de formulação da política
econômica.”