Page 80 - Um Sinal na História - Volume 2
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Um Sinal na Históriatamento favorável da balança comercial nos seis meses anteriores ao
programa, atribuído ao atraso cambial decorrente da defasagem da
indexação diante da aceleração inflacionária.
Logo no primeiro mês do governo de Fernando Collor, sua equipe
econômica decreta o Plano Collor com a principal missão de controlar a
inflação. Três pontos foram então apresentados como base do programa:
uma reforma fiscal para reabilitar as contas públicas; uma reforma mone-
tária destinada a acabar com a moeda indexada, seguida por um bloqueio ao
acesso a cerca de 80% dos ativos financeiros do setor privado; o anúncio de
uma política de rendas, a partir da instauração de congelamento imediato de
preços e salários. Um dos pontos mais polêmicos para a população brasileira na
época foi o bloqueio das cadernetas de poupança e das contas correntes por 18
meses, com promessa de liberação posterior. Além disso, mais uma vez, a moeda
80 brasileira troca de nome e volta a se chamar Cruzeiro.
Com uma inflação acumulada de 1.782,90% do ano anterior, o SINAL come-
ça os anos de 1990 com pautas que remetiam ainda a problemas trazidos na década
anterior. Já em fevereiro, o Sindicato inicia uma mobilização por campanha salarial.
Entre outros pontos, a campanha pedia o pagamento dos atrasados do Plano Bresser,
um direito que já havia sido reconhecido pela Justiça. Além disso, estavam em pauta
também o pagamento quinzenal, a reposição das perdas salariais e o pagamento da URP
de fevereiro de 1989, confiscada com o Plano Verão.
Sobre o Plano Collor, o Sindicato manteve uma postura crítica, demonstrando real
preocupação com os rumos da economia brasileira, como demonstra o “Informativo Nacio-
nal 004” lançado em março de 1990.