Page 66 - Um Sinal na História - Volume 2
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Um Sinal na HistóriaAntes da assembleia que decidiu pela greve, os diretores da
      AFBC participaram de uma reunião de mais de duas horas com o
      presidente do Banco, Elmo Camões, que se disse impedido de atender
      a pauta de reivindicações. Diante do posicionamento do presidente do
      BC, assembleias regionais foram realizadas e a greve foi deflagrada.

             Amplamente noticiada pela imprensa da época, a greve crescia e a
      notícia era de que poderia haver a paralisação do sistema financeiro do país.
      A matéria da Folha de São Paulo de 25 de abril de 1989, por exemplo, infor-
      mava que:

             “A decisão de parar o Banco Central compromete as operações de overnight, da mesa
      de câmbio, da emissão de Títulos do Tesouro e do controle dos meios circulantes. A paralisação
      também poderá trazer dificuldades para as aplicações das reservas internacionais”.

66 Entre os impactos sentidos pela população, a falta do dinheiro nos bancos foi
      o principal. Houve até a necessidade de algumas instituições financeiras montarem
      grandes operações para suprir a falta de papel moeda nos caixas. Em nota, o jornal
      O Estado de São Paulo dizia que o “Banespa, responsável pelo pagamento de 180 mil
      contas da Prefeitura de São Paulo, foi obrigado a limitar os saques”.

             Além do Banco Central, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e parte do
      setor bancário privado também entraram em greve. O tamanho da mobilização dos traba-
      lhadores e os impactos causados no sistema financeiro levaram ao pedido de ilegalidade da
      greve do BC pelo procurador-geral da Justiça do Trabalho, Armando de Brito. Ao mesmo
      tempo, a diretoria do Banco convocou todos os funcionários comissionados em Brasília para
      o retorno ao trabalho sob pena de serem punidos. A decisão da diretoria do BC era baseada
      na Medida Provisória 50 que previa a advertência, suspensão e rescisão de contrato por justa
      causa, em caso de não atendimento à convocação de trabalhadores dos setores essenciais.
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