Page 60 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Um Sinal na Históriacaram sem resposta. Aliás, sem resposta formal, diga-se de passagem, porquanto
      informalmente o Banco passou a adotar uma postura intransigente em todos os
      assuntos relacionados com seus funcionários, contradizendo todo o apoio demons­
      trado pelo Diretor de Administração. Tudo isso porque ousamos reivindicar.”
      (OVO Nacional, ano II, no 11, jun/1981)

            Em maio de 1981, a UNTBC congregava 903 associados, a maioria
      deles da regional de Brasília (403), seguida de São Paulo (138) e Rio de
      Janeiro (127). Com a mobilização promovida pela entidade em seu primeiro
      ano de existência, o Banco Central teve que, na prática, reconhecê-la e ceder a
      algumas de suas reivindicações. Entre elas, o concurso interno para a categoria
      isolada e a possibilidade de transferência entre as regionais; a manutenção da
      gratificação semestral; a alteração do regulamento de empréstimos da Centrus
      (Fundação Banco Central de Previdência Privada); o direito a hora-extra para os
      funcionários do Departamento de Processamento de Dados; e o compromisso para
      implantação de creche, após a entrega de cerca de 350 requerimentos individuais,
60 no fim de 1980.

            Apesar de algumas dessas conquistas, os funcionários continuavam a sentir a
      (re)pressão por parte da direção do Banco.

            “A preocupação com a possibilidade de respondermos a inquérito era constante. [O
      presidente da UNTBC, Edison Cardoni] dizia que não seríamos pegos por distribuir jornal,
      por exemplo, mas por vestir calças jeans, que na época era proibido no MSP [Manual de
      Serviço do Pessoal]. Levei muitos anos para trajar uma calça jeans no horário de expediente
      dentro do Banco Central. Outra questão era a perfeição na execução do trabalho. Cardoni
      dizia que o melhor militante tinha que ser o melhor funcionário. E sabíamos que tínhamos
      que ser, que era uma proteção, uma justificativa a menos se tivéssemos que ser perseguidos
      por militância política. Eu sempre procurei ser a melhor trabalhadora dos setores para onde fui
      designada”, confessa Maria José Ponciano, que ingressou na regional do Rio de Janeiro em 1977,
      no cargo de ASA.
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