Page 135 - UM SINAL NA HISTÓRIA
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Tomei posse no Banco Central do Brasil (Mecir-RJ) em maio/1976. No curso de ambientação,
os instrutores falavam que estávamos ali provisoriamente, integrando uma categoria sem quadro
de carreira, que não haveria promoção ao longo do tempo. Começamos a entender o porquê do
nome Categoria Isolada (CI). A ficha começou a cair: ficou difícil se sentir em casa. Informaram
que tínhamos uma associação de funcionários (Asbac) e a filiação era obrigatória.
O tempo foi passando e a insatisfação do isolamento na carreira era crescente, mas
ainda muito contida, porque nosso país vivia um regime de exceção. Quando os colegas iam
levar o jornal OVO, poucos pegavam. Tinha sempre alguém para dizer: “você está lendo
isso?”, “cuidado, é perigoso”. A repressão era grande.
A CI foi se organizando em quase todas as regionais. Dessa mobilização surgiram
diversos requerimentos, em julho/1978, solicitando ascensão na carreira. A resposta
veio com a Portaria nº 103, de junho/1979, prevendo o acesso de membros das CIs
aos cargos de carreira, mediante habilitação em concurso interno, o que veio ocorrer 135
só em 1981. Foi uma conquista, mas muito aquém de nossos anseios. Uma excelente
Movimentos políticos e reivindicatórios dos funcionários do Banco Central
ajuda que o movimento recebeu foi a criação do jornal OVO SP. Jornal de livre
expressão no qual os funcionários do Despa podiam debater seus problemas sem
censura. O Banco criava dificuldades em sua circulação. Os debates eram sobre
reposição salarial, promoção, CIs, creche, vale refeição, Asbac, poesias etc.
Coube ao OVO SP a sugestão, preparação e organização do 1º
Encontro Nacional dos Funcionários do BC (ENF), realizado em fev/1980.
Dentre as deliberações, a criação do jornal OVO Nacional, principal veículo
de informação do movimento.
O OVO Nacional foi marcante na estruturação da luta pela
representatividade do funcionalismo, proibido por Lei de se sindicalizar
(art. 566 da CLT), e promoveu o 2º ENF (dez/1980), que fundou a