Page 73 - Um Sinal na História - Volume 2
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do esquema foi Elmo de Araújo Camões Filho, da corretora Capitânia e filho do então presiden-
te do Banco Central, Elmo Camões.
Diante de tamanhas denúncias e escândalos, o SINAL, representando os funcionários
do BC, iniciou uma campanha reivindicando a apuração efetiva e transparente dos fatos.
Além disso, o Sindicato pedia também que Elmo Camões fosse destituído do cargo de Pre-
sidente que ocupava no Banco, fato que aconteceu em 22 de junho de 1989.
A saída de Camões da presidência do Banco Central, no entanto, não foi o suficien- 73
te para que as notícias envolvessem o alto escalão do Banco em fraudes cambiais. Em
dezembro do mesmo ano, a instituição fez um levantamento dos contratos de câmbio História do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (1988-1998)
no Rio de Janeiro, retroagindo a 1987 e chegou a conclusão de que as fraudes cambiais
com guias de importação chegavam a US$ 1 bilhão. De acordo com os jornais da
época, o tamanho das fraudes chegaria a um valor entre US$ 2 e 3 bilhões, em todo
o país.
Para pedir a punição aos envolvidos nas fraudes cambiais atingindo o Banco
Central, o SINAL organiza uma manifestação em frente à sede do Banco, no Rio
de Janeiro. Os funcionários deram um abraço no prédio do Banco Central com
uma faixa preta no centro da capital carioca, demonstrando assim, o repúdio e
a indignação à “nova rodada de escândalos envolvendo o Banco”, conforme
noticiado amplamente pelos jornais da época. Além disso, os funcionários
passaram a exigir o afastamento daqueles que ocupavam a diretoria do BC.
De acordo com matéria do jornal O Dia, de 20 de dezembro de
1989, o SINAL propunha que para substituir os diretores Tupy Caldas,
Antenor Caldas Araquém e Arnin Lore, todos ainda remanescentes da
gestão de Elmo Camões, fosse instituído “um conselho formado por
funcionários do Banco Central para administrá-lo provisoriamente”.