Page 16 - Sinal Plural 3
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Revista do

     ram meu modo de pensar, sentir     tário, mas uma vez que se dis-    histórias emocionantes para con-
     e entender a vida. Mudei tanto,
     que meus amigos mais próximos      põe a ser, deve trabalhar com     tar. “Uma amiga me ligou dizen-
     dizem que me tornei uma pessoa
     melhor”, emociona-se.              o mesmo                                           do que havia

     MAIS UM POUCO DE HISTÓRIA          empenho                                           uma família

           A aposentada do Banco Cen-   que teria                                         passando
     tral Maria Bernardete de Brito
     Capanema, 57 anos, é uma pio-      em qual-                                          fome, inclu-
     neira em trabalhos voluntários.
     Na década de 80, trabalhou du-     quer outro                                        sive com uma
     rante um ano com voluntários da
     Paróquia Santo Antônio dos Fun-    serviço. O                                        das crianças
     cionários, visitando os presos da
     Penitenciária de Neves, na gran-   compromis-                                        em estágio
     de Belo Horizonte. Desde então
     não parou mais.                    so é com o                                        avançado de

           “Na década de 90, trabalhei  ser humano                                        desnutrição.
     com a Central de Voluntariado de
     Minas Gerais, na Vila Embaúbas.    e não com                                         Não pensei
     Lá, coordenei um grupo de psi-
     cólogos do Instituto Humanista     o retorno    “Ninguém é obrigado a ser um vo-     duas vezes,
     de Psicoterapia, fazendo aten-     que pode ou  luntário, mas uma vez que se dispõe  fui em casa,
     dimento psicoterápico e pro-       não ser fi-  a ser, deve trabalhar com o mesmo    peguei tudo
     movendo oficinas. Desde 2003,      nanceiro”,   empenho que teria em qualquer        o que tinha
     coordeno o Serviço de Psicolo-     explica.     outro serviço”, explica Bernardete   de alimentos
     gia da Paróquia Santo Inácio de                                                      e levei para
     Loyola”, explica a aposentada.
                                        COMPROMISSO                       a casa da família. Lá o pai, a mãe
           E para quem pensa que tra-
     balho voluntário pode ser feito         Ana Maria Vieira, 47 anos,   e seis filhos passavam realmente
     de qualquer jeito, Maria Ber-      entendeu bem este recado e        por uma situação difícil”, conta.
     nardete esclarece: “O que acho
     importante num voluntariado        decidiu se dedicar inteiramen-    “Voltei para casa muito to-
     é levar a sério o trabalho. Nin-
     guém é obrigado a ser um volun-    te ao trabalho voluntário. “Po-   cada com o que vi. Não achei que

16                                      der servir ao próximo é muito     já tinha terminado minha ajuda,

                                        gratificante, me sinto realizada  organizei um mutirão com vizi-

                                        todos os dias. Passo o dia em     nhos, amigos e arrecadei rou-

                                        busca de doações de legumes,      pas, sapatos, colchões e mais

                                        distribuindo o que arrecado en-   alimentos. Esta família morava

                                        tre creches e famílias carentes,  em apenas um cômodo. Orga-

                                        transporto doentes para hospi-    nizamos uma reforma e agora a

                                        tais, trabalho com crianças com   casa tem seis cômodos, graças às

                                        câncer no hospital da Baleia em   doações. Hoje, o pai trabalha, as

                                        Belo Horizonte e estou sempre     crianças cresceram e eu dou só o

                                        disposta a ajudar quem preci-     suporte. Quando chego e buzino

                                        sa”, conta a voluntária.          na rua, as crianças sobem o bar-

                                        Ana também já coleciona           ranco correndo e isso pra mim é
                                                                          maravilhoso”, emociona-se.
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