Page 138 - Um Sinal na História - Volume 2
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A venda da Vale gerou inúmeros protestos. No Rio, no centro
da cidade, a Cinelândia virou uma “praça de guerra”, segundo matérias
da época. Movimentos sociais e partidos de esquerda eram contra a
venda da companhia e o processo de privatizações que tomava conta do
país. O SINAL também era contra a privatização da Vale.
Com parte do patrimônio do país à venda, o Banco Central se via
mais uma vez protagonizando o desvelar de casos de fraudes e de corrup-
ção. Em maio de 1997, os funcionários do BC detectaram a participação de
empresas investigadas na CPI dos precatórios no esquema de doleiros denun-
ciados pelo Ministério Público.
Ainda em maio, o Banco Central também denunciou a evasão e a lavagem
de dinheiro feita em operações fictícias em Foz do Iguaçu. Neste caso, a fiscaliza-
138 ção do BC detectou que o número de carros-fortes que “descarregavam” Reais na
tesouraria do Banco do Brasil era muitas vezes superior aos que cruzavam a Ponte
Um Sinal na História da Amizade, divisa com o Paraguai. Os funcionários encarregados da fiscalização
descobriram ainda que 25 pessoas físicas tiravam dinheiro de suas contas e colocavam
em contas CC-5 dos bancos paraguaios nas agências de instituições brasileiras. Essa
era uma das formas de simular a entrada e saída de dinheiro no país.
Nesse contexto, a luta do SINAL e do funcionalismo do Banco Central se confun-
dia ainda mais com a valorização da categoria e do próprio BC. Foi também neste ano
que os funcionários do Banco venceram uma ação na justiça e conseguiram o direito ao
reajuste de 28,86% concedido aos militares em 1993.