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Revista do

            Processo                                         financiamentos aumentasse mais que a
                                                             prestação e criou um desequilíbrio nesses
                  Em São Paulo, a situação vivida pela pro-  contratos. “Os mutuários pagavam a par-
            fessora Maria José Ferreira Batista foi mais     cela, mas o saldo devedor não diminuía.
            complicada. Ela comprou um apartamento           Pelo contrário. Isso fez com que muitas
            em 1991, mas nunca morou nele. Contou que        pessoas procurassem a Justiça em busca
            adquiriu o imóvel quando ainda estava em         de uma solução”, completou.
            construção e, em 1993, vendeu-o, porque não

            tinha condições de arcar com as prestações do    Retorno para FGTS
            financiamento. Hoje, Maria José é ré em um

            processo movido pela Caixa Econômica, porque     De acordo com a ministra Eliana Cal-

            o comprador de seu apartamento não pagou         mon, corregedora nacional de Justiça, é

            regularmente as parcelas do imóvel. Como, na     importante promover a conciliação no SFH

            época da venda, a professora não transferiu o    porque além destes processos desafogarem

            apartamento para o nome do comprador, aca-       os tribunais e deixarem mais ágil a presta-

            bou sendo processada. “Nós não tínhamos o        ção jurisdicional aos cidadãos, as decisões

            devido conhecimento e, agora, estamos nesta      permitem o retorno de recursos financeiros

            situação”, explicou.                             ao Fundo de Garantia

                  Para o presi-   Os fInanciamentos imobi-   por Tempo de Serviço
            dente da Associação   liários tinham seu saldo   (FGTS) e, consequen-
            Nacional de Mutuá-    devedor reajustado pelo    temente, possibilitam
            rios (ANM), Marce-    índice de correção da      novos financiamentos
            lo Augusto Luz, boa   poupança. Já as parcelas   no setor em todo o
            parte desses con-     aumentavam de acordo com   Brasil. Sobretudo nes-
            tratos foi firmada    o salário do mutuário.     te momento de boom
            no período em que a   “Os mutuários pagavam a    imobiliário no Brasil.
            inflação e os vários  parcela, mas o saldo de-
            planos econômicos     vedor não diminuía. Pelo         A ideia é priori-
            acabaram tornando     contrário”, diz Marcelo    zar, em conjunto com
                                  Augusto Luz                os tribunais, a solu-

            os imóveis pratica-                              ção desses litígios

            mente “impagáveis”. De acordo com Luz,           por meio de um acordo amigável entre as

            os financiamentos imobiliários daquele           partes. Nas audiências, a Emgea, que ad-

            período tinham seu saldo devedor reajus-         ministra os contratos, revisa o valor da

            tado pelo índice de correção da poupança.        dívida dos mutuários com base no mon-

            Já as parcelas aumentavam de acordo com          tante já pago e no valor atual do imóvel.

            o salário do mutuário. Essa diferença de         Também oferece descontos para aqueles

            correções fez com que o saldo devedor dos        que podem quitar o débito de uma vez.

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