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manifestação do grupo constavam apresentações tea- A partir de 1974, ano em que chegou ao Banco Cen-
trais, das quais ela sempre fez parte. tral do Brasil, Cleide passou a somar esforços às mais
variadas lutas organizadas de servidores da Casa.
Mais tarde, cursando História na USP, se somou à AFBC, jornal OVO, entre outras iniciativas que cul-
“Resistência” de estudantes, críticos ao Regime Mili- minaram no surgimento do Sinal, contaram com os
tar vigente no país àquela altura, sempre lançando mão preciosos traços de nossa homenageada.
de expressões artísticas para externar suas convicções. E pelos traços ficou conhecida no BC. Não são pou-
“Eu conspirava por uma pátria livre e justa”, argumenta. cas as mobilizações do Sindicato, bem como do con-
junto dos servidores públicos federais, ilustradas pe-
Em 1972, o idealismo cobrou seu preço. Foi conduzi- las mãos da nossa artista.
da, durante a madrugada, ao DOI-CODI, para pres-
tar esclarecimentos, após ter cedido a casa de praia dos No volumoso portfólio de char-
pais para que organizações consideradas clandestinas ges - com as quais ganhou algumas
promovessem reuniões. “Durante 23 horas e 30 minu- oportunidades de emprego ainda na
tos, fui interrogada, esbofeteada e ameaçada de tortu- década de 1970 -, a vida cotidiana,
ra diante da maquininha de dar choques. Depois, le- laboral e, claro, a combatividade po-
vada à uma cela de mulheres ditas terroristas”, lembra. lítica. Também, recortes da própria
inquieta personalidade. “A Antídota
Uma segunda prisão, em 1977, durante o cerco à ma- é minha parte rebelde depressiva e a
nifestação de estudantes na PUC, rendeu-lhe um en- Jô é minha parte “institucionalizada”
quadramento na Lei de Segurança Nacional. pela sociedade de consumo”, explica
“Para mim, a
luta política
tem toda gra-
ça”, afirma. E
uma importan-
te mostra desta
determinação
é a continuida-
de da militân-
cia em prol de
dias melhores,
mesmo após os
percalços so-
fridos durante
a juventude.
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